quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Dia 7 de agosto foi a data escolhida para o Dia do Documentário


No intuito de dar mais visibilidade ao Documentário e de fortalecer a entidade que foi criada em 1974 para defesa dos seus realizadores e dos cineastas brasileiros, a presidente da ABD Nacional, Solange Lima, convocou todas as representações estaduais para a criação do Dia do Documentário.

Durante três meses, as ABDs dos 26 estados e do Distrito Federal foram consultadas e decidiram por votação o nome de um cineasta para ser o patrono do evento, como símbolo da luta dos documentaristas brasileiros, cuja data de nascimento seria fixada como o dia da homenagem.

Diante da histórica resistência da ABD durante a ditadura militar, mesmo reconhecendo outros grandes nomes da história do documentário brasileiro, o nome mais votado pelas 27 ABDs e pelos cineastas que se manifestaram foi o de Olney São Paulo.

Por que Olney?

Olney São Paulo nasceu em 7 de Agosto de 1936 em Feira de Santana, mais precisamente no município de Riachão do Jacuípe, Bahia, Brasil. Cineasta, documentarista influenciado pelo neo-realismo italiano, ele dirigiu vários filmes, dentre eles os filmes “O Grito da Terra” em 1964 e “Manhã Cinzenta” em 1968/69, este último pivô de um incidente que custou a vida ao seu diretor.

No dia 8 de outubro de 1969, um avião brasileiro foi sequestrado por membros da organização MR-8 e desviado para Cuba. Um dos sequestradores levava consigo uma cópia de “Manhã Cinzenta”, violento libelo contra a ditadura. O filme foi exibido durante o vôo, o que levou os órgãos da repressão a associar o nome de Olney ao sequestro. O cineasta foi detido, torturado e finalmente liberado com suspeita de pneumonia dupla. Ele foi absolvido das acusações, mas, sua saúde nunca mais foi a mesma. Internado várias vezes, debilitado física e psicologicamente, Olney jamais recuperou plenamente e veio a morrer em 1978. Proibido no Brasil, “Manhã Cinzenta” foi exibido e premiado em vários festivais internacionais, como os de Mannheim e Oberhausen.

Sobre Olney, Glauber Rocha comentou em seu livro ”A Revolução do Cinema Novo”: "Olney é a Metáfora de uma Alegoria. Retirante dos sertões para o litoral – o cineasta foi perseguido, preso e torturado. A Embrafilme não o ajudou, transformando-o no símbolo do censurado e reprimido. "Manhã Cinzenta" é o grande filmexplosão de 1968 e supera incontestavelmente os delírios pequeno-burgueses dos histéricos udigrudistas (...) Panfleto bárbaro e sofisticado, revolucionário a ponto de provocar prisão, tortura e iniciativa mortal no corpo do Artista.”

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